Celular não é brinquedo!
-
Ilustrativa | banco de imagens - Pesquisas comprovam que o uso precoce e a exposição prolongada às telas têm provocado alterações no comportamento.
O uso desenfreado do celular pode se tornar um problema grave de saúde. Para crianças e adolescentes, a dependência digital já é um problema e muitos pais ainda não notaram
A velha máxima de que "criança aprende brincando" precisa ser retomada nos tempos atuais, principalmente, em virtude das mudanças comportamentais das famílias durante a pandemia. Aliada a isso é importante a sensibilização de pais e cuidadores de que celulares, tablets e computadores não são brinquedos porque não permitem a formação de laços afetivos e o correto desenvolvimento da criança. O pensamento crítico e uso com equilíbrio das tecnologias de informação e comunicação são fundamentais para evitar a intoxicação digital. Os sintomas em crianças e adolescentes são diferentes em função da faixa etária, mas comprometem o desenvolvimento cognitivo, a visão, a audição e a saúde mental, alerta campanha lançada recentemente pela Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP) e voltada aos pais e profissionais da área.
Intoxicação digital pode ser conceituada como uso excessivo das mídias digitais, que causa de alguma forma prejuízo à pessoa em relação a seus relacionamentos familiares, pessoais, afetivos, escolares e profissionais. Pesquisas comprovam que o uso precoce e a exposição prolongada às telas têm provocado alterações no comportamento, no desenvolvimento, no sono e no estado nutricional de crianças e adolescentes. Segundo a gastropediatra, médica cooperada da Unimed Chapecó e membro da SCP, Dra. Margarida Alba Winckler, aumentou, consideravelmente, nos consultórios os casos de dificuldade escolar, distúrbios do sono e obesidade infantil.
Dra. Margarida explica que entre os sinais de alerta do uso inadequado de telas em crianças menores de dois anos estão o não interesse por brinquedos, pela interação com outras crianças e pelas pessoas a seu redor. "Para adquirir habilidades motoras, cognitivas e comportamentais, é necessário estimular todos os sentidos. O uso indiscriminado e sem limites das mídias digitais atrasa o laço afetivo, que é importante para a instalação da subjetividade, além de prejudicar o desenvolvimento neuropsicomotor, especialmente, em relação à fala e à linguagem. Por isso, os sintomas da dependência digital são semelhantes ao transtorno do espectro autista (TEA)", comenta a pediatra.
A criança com suspeita ou com o diagnóstico de intoxicação digital precisa ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar, que valorize a participação da família na terapia proposta. "Como orientação aos pais e cuidadores pedimos o afastamento das telas, o estímulo ao ato de brincar, o contato com a natureza e a socialização. As tecnologias são importantes, mas é necessário fazer o uso de maneira reflexiva", reforça a médica. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) indicam que o uso de telas na faixa etária de zero a dois anos deverá ser feito apenas para fins afetivos (uma ligação para um familiar) e sempre com supervisão.
Nos adolescentes, segundo Dra. Margarida, os sinais de alerta estão relacionados à excessiva preocupação de estar o tempo todo conectado; à não percepção da passagem do tempo; à dificuldade de se desconectar na hora em que os pais estabeleceram como limite; irritação, frustração ou ataques de raiva quando precisam desligar; declínio no rendimento escolar; conflitos e isolamento da família e fadiga. "Como consequência de ficar sempre no mesmo conteúdo têm dificuldade na concentração, interpretação, análise de síntese, raciocínio lógico e de manter a atenção", argumenta.
Conforma a SBP, os principais problemas médicos e alertas de saúde de crianças e adolescentes na era digital, são: saúde mental (irritabilidade, ansiedade e depressão); transtornos do déficit de atenção e hiperatividade; transtornos do sono; transtornos de alimentação (sobrepeso/obesidade e anorexia/bulimia); sedentarismo; transtornos da imagem corporal e da autoestima; comportamentos autolesivos, indução e risco de suicídio; aumento da violência; problemas visuais (miopia e síndrome visual do computador, que é cansaço, ardência, vermelhidão e ressecamento ocular); problemas auditivos; transtornos posturais, uso de drogas.
Tempo de uso
A orientação da Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP) de tempo máximo de exposição às telas para crianças é:
- Menores de dois anos: nenhum tipo de exposição;
- De 2 a 5 anos: 1 hora/dia
- De 6 a 10 anos: 2 horas/dia
- Adolescentes: 3 horas/dia
Sinais de alerta
Para menores de dois anos de idade: atraso da fala, foco sempre na tela, pouca interação social e dificuldade de coordenação motora.
Para crianças e adolescentes: uso excessivo de telas, ansiedade ou depressão, baixo rendimento escolar, isolamento social e alterações de humor e do sono.
Recomendações
- Estímulo a brincadeiras e atividades físicas;
- Contato com a natureza;
- Socialização com outras pessoas da faixa etária.
Receba as notícias em primeira mão, acesso no DR News:
WhatsApp: https://chat.whatsapp.com/CD4QrJ1W1Dh2l37x3N2dcM
A matéria na integra estará em nossas páginas impressas, leia no Jornal Destaque Regional
Deixe um comentário