O aconchego do fogão
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Hábito do chimarrão ganha reforço com a chegada do inverno e as rodas de conversa em torno do fog -
Lugar tradicional na casa, a cozinha tem o conforto para quem ali chega. Aqui no Oeste catarinense, assim como na maioria das residências do Sul do Brasil, esse é o espaço para conversa, troca de experiências e conhecimento. É ali que os laços familiares são concretizados. São as rodas de conversa que fazem com que esse ambiente se transforme de um simples lugar de preparo de alimentos, no espaço mais importante da casa.
Além de tudo isso, a nossa cultura nos proporciona algo a mais para tornar aconchegante esse ambiente. No inverno, um móvel é o responsável para que as rodas de conversa fiquem ainda mais presentes no dia-a-dia. É um objeto antigo, do tempo de nossas bisavós – ou mais – que na época de inverno é o principal responsável por aquecer nossos lares.
Os fogões a lenha resistiram às mudanças da sociedade, mesmo que não esteja presente em muitos lares, pois, é um móvel que precisa de atenção e trabalho. Hoje, com a correria do dia a dia, a praticidade do fogão a gás e outros utensílios ocupa o lugar do “borralheiro”. Mas em algumas residências ele continua firme e forte.
Eu que vos falo, pertenço a uma família que toda noite de inverno renova a ideia de ter um fogão à lenha dentro de casa. Desde pequena vejo o quão importante esse móvel é para a reunião da família. Meu pai Aloísio Francisco Wolfart, sempre se orgulhou de ter o objeto, principalmente o antigo fogão, que pertenceu a meus bisavôs paternos e tinha muito mais de 100 anos. Ele faz questão de ressalta isso.
Sirce Maria Detoni Wolfart, minha mãe, explica que toda a família prefere uma comida feita no fogão à lenha. “A comida fica mais gostosa e eu não preciso fica o tempo todo cuidando, posso deixar cozinhando e ir fazer outros serviços. Comida feita rápida demais não fica tão boa”, afirmou.
É ao redor do fogão que outra tradição, trazida do Rio Grande do Sul pelos meus avós, se renova, a roda do chimarrão, presença constante. Todos os que chegam são recebidos com o mate pronto para acompanhar a conversa. Às vezes o pinhão, ou se for pela manhã, bem cedinho, a polenta, estará na chapa para sapecar e acompanhar a conversa.
Retrato a minha experiência, pois sei que essa é uma realidade de muitos que residem na região e que acordam com o pai ou mãe acendendo o fogo, ou no entardecer do inverno sentem o cheiro da fumaça jogada pra fora de casa e perguntam se vai ter pinhão na chapa. Ou já adultos lembram com nostalgia do tempo em que se ficava ao redor do fogão esquentando as mãos, tomando chimarrão e conversando.
O fogão virou uma particularidade de cada casa. E uma raridade, presente na maioria das vezes, apenas na casa dos pais ou dos avós. Esse é um costume típico de nossa região que devemos continuar cultivando, porque além de esquentar, ele é um bom motivo para rodas de conversa e reunir a família.
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