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A tradição enraizada na arte de trançar a palha de trigo

A cultura de trançar a palha do trigo para confeccionar chapéu e cestas é um hábito praticamente perdido na história, porém, cultivado por algumas pessoas. Na pacata cidade de Jardinópolis, agricultoras aposentadas e irmãs Lorena Moterle Cremonini, 68, e Amália Detoni Moterle, 63, mantêm a tradição herdada dos pais.

Do campo à cidade, levaram o hábito de fazer chapéus e cestas. “Aprendemos na infância. Nossos pais faziam esse trabalho para ganhar uma renda a mais”, recordam.

Segundo Amália, os pais casaram no final da década de 30 e compraram as panelas, com o dinheiro arrecadado da venda do artesanato. Lorena lembra que as cestas eram utilizadas pelas mulheres, quando saiam de casa para colocar algum objeto pessoal.

 

Cultivo do trigo

 

O material confeccionado começa a ganhar vida na germinação do grão de trigo. Dessa planta é colhida a matéria-prima usada para fazer as tranças. Para garantir a atividade durante o ano, as irmãs armazenam as palhas em casa.

Entre uma trança e outra, um dedo de prosa, achegado com o tradicional chimarrão. É assim que vivenciam momentos de alegria, com as amigas e os parentes. “Um dos segredos para fazer uma boa trança é molhar a palha com água quente”, explicam. Quando a trança está finalizada é feito o corte das pontas de palha e a costura do chapéu ou da cesta.

A palha usada é derivada de uma variedade tradicional de trigo. O cultivo se estende por gerações, migrou do município gaúcho de São João da Ortiga para Jardinópolis.

Lorena e Amália viveram numa época em que a criatividade era o meio inteligente para superar dificuldades com a falta de recursos, pela distância da cidade. Para colorir o trabalho artesanal, usava-se um cipó avermelhado.“Fervíamos na água e depois era misturado com a trança, até tingir”, relata.

 

Diferenças

 

A cesta feita com palha de trigo tinha um significado de diferenciação de gênero, entre as décadas de 50 e 70, na localidade de Vila Jardim, hoje Jardinópolis. “A gente ia para a escola com o material e o lanche dentro da cesta de palha de trigo, já os piás iam com a sacola de pano, essa era a diferença”, relembram.

Embora não seja a opção ideal, o chapéu e a cesta de palha com alças são produtos do artesanato local, com uma riqueza cultura. São raras as pessoas com a habilidade para confeccionar o material, por isso, merecem o reconhecimento.

A confecção 100% ecológica é o maior valor desses materiais. “Ganhamos em torno de R$ 12 a R$ 14 por unidade, não fizemos pelo dinheiro, mas sim, para passar o tempo e manter a tradição que aprendemos de nossos pais, Antônio e Rosa Moterle”, afirmam as irmãs.

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