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Alta no preço dos combustíveis pode frear crescimento brasileiro, diz estudo

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A oferta limitada e o aumento no preço dos combustíveis nos próximos anos podem desacelerar o crescimento da economia brasileira em 0,42 ponto percentual a cada ano desta década, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira pela Ernst & Young Terco e a Fundação Getúlio Vargas.

O impacto será ainda maior no resto do mundo, que começa a sentir os efeitos da alta nos combustíveis já neste ano.

Segundo o estudo da série "Brasil Sustentável", o preço internacional do barril petróleo deve encarecer 43,1% até 2020. O etanol terá variação ainda maior, de 125,9%.

A escalada nos preços fará a economia mundial crescer em média 0,52 ponto percentual a menos, a cada ano. Em países onde a dependência do petróleo é alta, como os Estados Unidos, a freada pode ser ainda maior: 0,61 ponto percentual ao ano.

No Brasil, a produção interna de petróleo e etanol (e a capacidade da Petrobras de influenciar o preço) fará com que a alta no preço seja inferior à média mundial: 18,7% e 7%, respectivamente.

"O fato de a Petrobras exercer um controle sobre os preços da gasolina e do etanol põe o Brasil numa situação privilegiada", disse à BBC Brasil Elizabeth Ramos, sócia de tributos da Ernst & Young Terco.

"Hoje a gente tem conseguido controlar a inflação. Mas pode ser que o governo mude a política da Petrobras no futuro. E nós precisamos estar preparados para este cenário", diz.

O estudo considera, no entanto, que cedo ou tarde a política de preços do governo será alterada. Caso os preços nacionais acompanhem a tendência mundial, a previsão do estudo é de que o litro da gasolina custe R$ 3,53 em 2020 – valor 41% maior à média praticada hoje.

O estudo é feito a partir de um modelo computacional que mede diversas variáveis, como limitações econômicas, tecnológicas e políticas na oferta dos combustíveis.

Pré-sal

A escalada dos preços dos combustíveis já começa a ser sentida neste ano, segundo o estudo. No Brasil, a previsão que o impacto seja maior a partir de 2015, por causa da política de preços para a gasolina praticada pelo governo.

Fernando Blumenschein, coordenador da FGV Projetos, diz que "de 2017 em diante, o movimento começa a arrefecer com a entrada gradativa em operação de novas reservas e com medidas de substituição e eficiência energética começando a surtir efeitos".

Entre essas reservas estão as descobertas recentes no pré-sal brasileiro. Para Elizabeth Ramos, os novos poços de petróleo não são garantia, no entanto, de que o Brasil terá gasolina barata.

"A alta dos preços acompanha um crescimento mundial. Nesse sentido, o pré-sal coloca o Brasil em uma posição de muito mais conforto. Mas quando as reservas começar a operar, não vão atender a demanda crescente no mundo"

Elizabeth Ramos, da Ernst & Young Terco

"A alta dos preços acompanha um crescimento mundial. Nesse sentido, o pré-sal coloca o Brasil em uma posição de muito mais conforto. Mas quando as reservas começar a operar, não vão atender a demanda crescente no mundo", diz.

A alta na demanda por combustíveis é puxada pelos países emergentes, como o Brasil, que em 2020 será responsável por 4% do consumo mundial e 5% da produção (tornando-se, então, um país exportador).

Elizabeth também chama a atenção para os desafios do Brasil na exploração do pré-sal. Um dos maiores problemas apontados pelo estudo é a falta de mão-de-obra especializada para a exploração.

A exploração do pré-sal deve atrair ao país no próximo dez anos US$ 250 bilhões em investimentos estrangeiros.

Etanol e gás

A substituição do petróleo por fontes de energia alternativa também causará impacto no preço desses combustíveis, como o etanol.

O estudo prevê que o consumo mundial pelo produto irá crescer 148% até 2020. Já o preço deve aumentar 125,9%, mas no Brasil o aumento será muito menor (7%). O preço médio do litro poderá variar entre R$ 1,37 e R$ 2,03.

"Esse cenário de deslocamento entre as cotações nacional e internacional tornará cada vez mais o mercado consumidor brasileiro desinteressante para o produtor local", diz Elizabeth.

Brasil e Estados Unido também devem continuar liderando a produção. Em 2020, a previsão é que os dois países concentrem 90% da produção mundial de etanol.

A participação do gás natural na matriz energética brasileira também deve aumentar. Dos 50 milhões de metros cúbicos consumidos hoje devemos chegar a 169 milhões de metros cúbicos em 2020.

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