Ébrissa Paola Breda - Psicóloga da Unidade Básica de Saúde de Formosa do Sul
Setembro é o mês de prevenção ao suicídio, promovido pela campanha do setembro amarelo. Um tema polêmico que precisamos entender. Por que ocorre? Como algumas pessoas chegam a este ponto? Como podemos perceber isso?
Não é um acontecimento isolado que vai levar a pessoa esse extremo. É uma série de acontecimentos, traumas, vivências, às vezes carga genética. Enfim, os fatores, as causas são múltiplas. Algumas pessoas não conseguem expressar ou não entendem, não reconhece aquilo que estão sentindo e acabam percebendo que estão em sofrimento psíquico apenas quando já fugiu de seu controle. Já está em um nível tão extremo que fica difícil manejar. É claro que, cedo ou tarde, é importantíssimo aprender a nos conhecer e a pedir ajuda mesmo assim. Mas muitas vezes as pessoas que estão em sofrimento psíquico não conseguem pedir ajuda antes de chegar neste nível.
Muitas vezes essas pessoas buscam o suicídio como uma forma de acabar com a dor e não de acabar com a vida de fato. Nem sempre. Algumas pessoas falam: 'é falta de Deus', 'é ingratidão com as belezas que a vida pode oferecer'. Essas pessoas chegaram ao estado de sofrimento onde parece impossível conseguir pensar em quantas coisas boas que a vida pode oferecer e no porque não deveriam desistir. Elas apenas querem que a dor pare.
Não existe um padrão de pessoa ou de ações que determinam quais pessoas vão se suicidar. As pessoas que estão em sofrimento psíquico também riem às vezes, elas também fazem piadas, também vão a festas. Você não vai encontrar apenas fotos cinza nas redes sociais destas pessoas. Não é isso que você deve esperar encontrar.
Precisamos cuidar de todas as pessoas mais próximas da gente, prestar atenção naquilo que elas falam e como elas se sentem, se elas se isolam, se elas pedem ajuda mesmo que de uma forma não tão clara, se existe um afastamento ou uma mudança brusca de comportamento. Devemos prestar atenção, cuidar dos detalhes, pedir, conversar.
Hoje em dia nos relacionamentos e na família percebe-se muita falta de um diálogo aberto, um diálogo compreensivo e sem julgamentos, do tipo: como você está? O que aconteceu? Não estou aqui para te julgar, estou aqui para te ouvir e para te apoiar! Se existe algum problema nós vamos resolver juntos, você não está sozinho!
Precisamos olhar para nós mesmos também. Prevenção ao suicídio também é auto cuidado, também é amor próprio, também é cuidar da nossa saúde física e da nossa saúde mental para não chegarmos a um ponto tão extremo. Nem sempre nós sabemos que temos uma pré-condição genética ou percebemos que algo tenha acontecido. Então o auto cuidado, tirar um tempo para você, cuidar da sua autoestima, do seu bem-estar, das suas emoções, conversar, pedir ajuda, tirar um tempo pro lazer, pro descanso, isso também é prevenção.
Olhe pra você mesmo e para as pessoas ao seu redor, converse, esteja por perto, peça e ofereça ajuda. Caso perceber essa necessidade peça ajuda também ao profissional mais próximo, ao psicólogo ou psiquiatra, ambos podem lhe ajudar nesse processo de cura e de compreensão. Estamos juntos nessa!
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