A marca de um nascimento
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Arquivo DR - * Frei Luizinho Marafon - Pároco na igreja São Lourenço Mártir
Artigo de opinião formulado pelo pároco Frei Luizinho Marafon
O sonho de João Batista foi anunciar a chegada de Jesus. Jesus de Nazaré veio para marcar a humanidade com um sinal que jamais desaparecerá. Jesus contrariou toda a lógica do pensamento humano desde o seu nascimento até a sua morte.
O nascimento foi o mais simples e puro que a humanidade já viu. A maior característica por nós percebida é a humildade. Jesus nasceu no anonimato. Não estava cercado de médicos, enfermeiras e pessoas. Somente Maria e José e alguns animais. No nascimento de Jesus não houve festa, ninguém sabia que o Mestre da Vida estava nascendo numa manjedoura.
Maria e José acompanharam toda a trajetória de Jesus. Como família simples e pobre que eram, não tinham muitas regalias para o menino. Ele, certamente, aprendeu a trabalhar desde o doce convívio com seus pais. Os anos passaram, o menino cresceu, a juventude chegou e o sonho do homem de Nazaré começou a tornar-se realidade.
Jesus apareceu na beira do Rio Jordão quando João profetizava. Depois no mar da Galileia ele chamou os primeiros seguidores convidando-os a serem pescadores de homens. Este convite modificou a vida dos seus seguidores. Logo após o encontro com João Batista, Jesus começou a discorrer de sinagoga em sinagoga, sobre a sua missão. Todos deliravam com sua eloquência. Ele falava do seu mais belo sonho, o plano transcendental. Não era o melhor lugar para isso, mas ele sempre ia contra a lógica. Não tinha medo de ser rejeitado. Com convicção ele disse palavras que mexeu com a multidão e com as autoridades. Disse que estava neste mundo pra proclamar libertação aos cativos, restaurar a vista aos cegos e pôr em liberdade os oprimidos. Sua profissão era escultor da alma humana, libertador do cárcere do medo, da ansiedade, do egoísmo. Ele queria libertar os oprimidos. Jamais faziam idéia que em Nazaré crescera um homem tão sábio e se tornara em pouco tempo um analista e libertador da alma humana. Ele não apenas conhece os nossos defeitos exteriores, ele compreende nossas mazelas produzidas no mais secreto do nosso ser. Só isto explica porque ele nos amou tanto e nunca desistiu do ser humano.
Perseguido de morte por seus inimigos ele homenageava a vida porque seu coração estava sempre num mar de tranquilidade. Foram seus sonhos que levaram bilhões de pessoas a sonhar ao longo dos séculos. O Mestre da vida não andou mais de trezentos quilômetros, jamais pressionou alguém para segui-lo. Com muita coragem escolheu jovens difíceis, fracos no raciocínio e individualistas.
Para aprender a linguagem do amor, os discípulos perderam o individualismo, mas não a individualidade. Jesus não demonstrou preferências, ele apenas se interessava se o amor irrigava ou não a personalidade deles. O amor corrige rotas, traz lucidez no pensamento e rompe a estrutura do egoísmo. O amor nos faz iguais mesmo sendo diferentes.
O amor é o fenômeno mais procurado da história, mas é o menos compreendido. Famosos o buscam nos aplausos, mas muitos morrem solitários. Ricos tentam comprá-lo com sua fortuna, pois o dinheiro compra o mundo, não o sentido da vida. Poetas procuram descrevê-lo, cientistas o colocam na prancheta de suas idéias, mas nunca conseguem entendê-lo. Jesus sabia que o amor e somente ele era capaz de aproximar os homens de cultura, religião, raça, personalidade e nacionalidade distintas. A marca do Mestre é o amor.
* Frei Luizinho Marafon - Pároco na igreja São Lourenço Mártir
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