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São Lourenço do Oeste

“Eu vi a miséria do meu povo” (Ex 3,7)

  • Arquivo DR - * Frei Luizinho Marafon – Pároco da Igreja São Lourenço Mártir e Nossa Senhora Aparecida

* Frei Luizinho Marafon – Pároco da Igreja São Lourenço Mártir e Nossa Senhora Aparecida

O Senhor disse a Moisés: “Eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor por causa dos seus opressores; pois eu conheço as suas angústias. Por isso eu desci a fim de libertá-lo das mãos dos egípcios, e para libertá-los eu vou fazê-lo subir a uma terra boa e vasta… Agora o clamor dos filhos de Israel chegou até a mim e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vai, pois, e te enviarei à Faraó para fazer libertar e fazer sair do Egito o meu povo. ” (Ex 3,7-10).

Esta passagem bíblica é a manifestação do compromisso de Deus com o Povo. Um Deus que tem sensibilidade, que ouve o clamor daqueles que sofrem É o anúncio da Páscoa dos Hebreus. É a profecia da Páscoa Definitiva a ser inaugurada com a Morte e a Ressurreição de Jesus. Jesus, humano conosco, tem a mesma sensibilidade do Pai, quando os discípulos querem mandar embora a multidão que seguia Jesus, porque já era noite, o Mestre diz: “dai-lhes vós mesmos de comer”. (Mt 14,16). Jesus convida os doze para “fazer algo”, para serem solidários com os que estão com fome. Jesus abre os olhos e os corações dos discípulos para que não “lavem as mãos”, mas compreendam que a mudança da realidade começa com eles, em escuta ao Mestre, que lhes ordena darem, eles mesmos< à multidão, o oque comer. Jesus aponta a necessidade de agir conjuntamente, ainda que as dificuldades sejam grandes e os recursos pequenos. Quando acolhemos o mandamento do Senhor, nosso modo de compreender os desafios torna-se outro e o resultado é infinitamente maior.

A Quaresma é um tempo propício para fazermos a experiência de Deus na vida seguindo os caminhos de Jesus. Somos chamados  a nos converter em relação à fome, experimentada por tantos irmãos e irmãs nossos no Brasil e no mundo.

Somos chamados à solidariedade, que nosso jejum abra nosso coração aos irmãos e irmãs que sofrem com a fome. Que a solidariedade seja intensificada. Que um dia possamos ouvir de Jesus: “Vinde (...) eu estava com fome, e me destes de comer; todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,34-40).

A Campanha da Fraternidade quer sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome sofrida por milhões e milhões de irmãos e irmãs nossos. Viver com fome é uma experiência amarga, dolorosa, que faz perder a dignidade e revirar o lixo para comer ou morrer de fome. Deus não quer isso, este problema é produzido pela sociedade que naturaliza as desigualdades. A fome é criada por um sistema social, politico e econômico perverso. O Brasil produz muito alimento, mas numa sociedade consumista como a nossa há muito alimento desperdiçado. São Basílio (330-379) afirmou sobe a pobreza e a fome: !O pão que para ti sobre é o pão do faminto. A roupa que guarda fofando é a roupa de quem está nu. Os sapatos que não usas são os sapatos dos que andam descalços. O dinheiro que escondes é o dinheiro do pobre. As obras de caridade que não praticas são outras tantas injustiças que cometes. Quem acumula mais que o necessário pratica crime.”

“Vai Moisés e liberta o meu povo”, este é o grande desafio que deve tocar nossos corações e nos engajar na construção de uma nova sociedade que cultive a compaixão, a solidariedade, a partilha e a fraternidade. Enquanto ficarmos fazendo julgamentos precipitados, sem acolher a Boa Nova de Jesus, estaremos contribuindo com as desigualdades. Que o Senhor conduza nossos passos pelos caminhos da solidariedade e da partilha com aqueles que não têm o pão de cada dia. Senhor abra nossos corações para a partilha. (Baseado no Manual da Campanha da Fraternidade de 2023)

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