Dizer que o pole-position venceu o GP da Bélgica é uma simplificação que não se aplica à prova deste domingo (28), em Spa-Francorchamps. Sebastian Vettel ganhou a corrida, sim, mas depois de muita preocupação com o rendimento dos rivais. Em uma corrida marcada pelo temor das equipes grandes quanto ao rendimento dos pneus usados na classificação e repetidos no início da prova, a agitação aconteceu desde o início, com paradas precoces no boxe e mudanças incessantes nas primeiras colocações.

Mark Webber se aproveitou do melhor desempenho no fim da corrida e terminou em segundo. Fernando Alonso, que teve grande atuação saindo do oitavo posto e ameaçando Vettel em parte da prova, perdeu ritmo no fim e caiu para quarto, deixando a última vaga no pódio para Jenson Button, da McLaren.

Button, aliás, foi um dos grandes destaques da prova. Utilizando-se de sua habitual tocada mais sutil com os pneus, vinha muito mais rápido do que os rivais na segunda metade do GP belga, o que lhe proporcionou o ganho de dez posições entre a largada e a bandeirada. Jenson foi tão brilhante quanto Michael Schumacher, quinto depois de largar em último. O alemão se recuperou do problema com uma roda solta na classificação.

Nico Rosberg, que voltou à performance normal da Mercedes após um início arrasador, terminou em sexto, seguido por Adrian Sutil, da Force India, Vitaly Petrov, da Renault, e Felipe Massa, em mais uma má atuação, na nona colocação. Pastor Maldonado, em corrida forte, terminou no décimo posto. Bruno Senna foi o 13º em sua estreia como titular da Renault. Rubens Barrichello foi apenas o 16º.

A largada e o início da corrida refletiram a preocupação que as grandes equipes tinham. As bolhas nos pneus dos dois pilotos da Red Bull e no de Lewis Hamilton resultaram na perda de posições dos três: o pole Vettel caiu de primeiro para segundo, Hamilton desceu de segundo a quarto e Webber, de terceiro a sétimo.

Enquanto isso, Rosberg pulava de quinto para a liderança já na saída da primeira curva, após ótima largada. Falando nisso, a freada para a La Source, que abre o circuito, foi bastante conturbada. Bruno Senna demorou demais para frear e não conseguiu reduzir suficientemente a velocidade, acabando por atingir muito duramente o carro de Jaime Alguersuari. O espanhol, por sua vez, chegou a atingir de leve Alonso.

Mais atrás, um erro semelhante ao de Senna por parte da Virgin de Timo Glock causou impacto semelhante no carro de Heikki Kovalainen. A batida ainda sobrou para Trulli, mas foi Kova quem teve de ir aos boxes no fim da volta. Como o erro de Senna foi mais claro, a direção de prova o puniu com um drive-through.

Outro tipo de parada, inclusive, começou cedo. Por conta do desgaste excessivo dos pneus, já na quarta volta alguns dos ponteiros trocaram seus pneus, caso de Vettel, Webber e Hamilton. Cinco giros depois, Alonso parou e sofreu uma belíssima ultrapassagem de Webber, na entrada da Eau Rouge.

Mas foi só um lapso, porque Alonso já fazia espetacular corrida e recuperou a posição logo depois. Daí para ultrapassar Vettel e assumir a virtual liderança, não demorou. O piloto não teve tempo de abrir vantagem, porque na volta 14 o safety-car foi à pista.

Quem interrompeu as atividades foi Lewis Hamilton, que sofreu um forte acidente com Kamui Kobayashi na Les Combes. Podendo ser ultrapassado, Lewis deu o lado de fora para o japonês. Quando a curva se aproximava, o inglês guinou o carro para o lado externo, a fim de contornar melhor, mas não viu que Kamui estava ao seu lado. O piloto da Sauber seguiu na prova, enquanto Hamilton teve de abandonar. O companheiro de Kobayashi é que não se deu bem. Sergio Pérez foi considerado culpado por um acidente no início da corrida com Sébastien Buemi e foi punido com um drive-through.

Na relargada, auxiliado pela aproximação forçada causada pelo safety-car, Vettel aproveitou e passou Alonso, voltando à liderança. Mais atrás, Button ia subindo postos, usando os pneus de maneira menos agressiva do que os rivais. Em quarto, 18s4 atrás do líder Vettel, Jenson já conversava com seu engenheiro sobre a possibilidade de chegar na ponta.

Apesar do desgaste forte, Alonso também tentava segurar os pneus para não sofrer no fim. Todos, então, faziam suas últimas paradas, com o início do último terço da corrida. Vettel vinha 6s5 à frente de Alonso, que, por sua vez, superava Webber por 2s5. Mas Mark já vinha muito mais rápido, sendo o primeiro a marcar uma volta abaixo de 1min50s.

No finzinho da prova, consolidou-se a brilhante corrida de Schumacher, à altura da comemoração de 20 anos de sua estreia na F1. Tendo largado em último, já que uma de suas rodas se soltou durante o início da classificação, fazendo-o abandonar, o veterano alemão já aparecia em sexto, reduzindo a distância para o companheiro Nico Rosberg. A ultrapassagem era inevitável, e Schumacher terminou em quinto.

Não deu para Button alcançar Vettel, mas a evolução na segunda parte da corrida rendeu o pódio para o inglês, que passou Alonso nas voltas finais.