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Posicionamentos distintos

  • Renan Koerich - Esposas de Cleber Santana, Kempes, Filipe Machado e Thiego deixam encontro em Florianópolis

Se a tragédia uniu, o tempo e a morosidade estão separando. Depois da reunião, tratada como apenas informativa pelo departamento jurídico da Chapecoense, parte dos familiares das 68 vítimas do acidente de 29 de novembro rompeu com a instituição. Além disso, há uma divergência entre os pensamentos dos envolvidos sobre os próximos passos jurídicos do caso.

No encontro, em um hotel em Florianópolis, quarta-feira (15), cerca de 80 pessoas estiveram presentes: parentes das vítimas, advogados, representantes e até empresários de atletas. Nenhum integrante da Chapecoense esteve presente em toda a reunião. O vice jurídico, Luiz Antônio Pallaoro, ficou no saguão e não participou por pedido dos familiares, devido a má relação com os parentes das vítimas. O presidente, Plínio David de Nês, esteve na capital catarinense e, nos minutos iniciais da conversa, explicou os motivos do encontro para, em seguida, deixar a sala bastante emocionado.

Toda a reunião foi conduzida por um grupo de cinco advogados contratados pela Chapecoense. As explanações do quinteto, porém, ficaram atreladas exclusivamente à proposta oferecida pela ressegurada da LaMia. Todas os outros questionamentos feitos pelos familiares não puderam ser respondidos. Questões como os pertences das vítimas que ainda estão na Colômbia ou também as doações que o clube supostamente teria recebido foram levantadas na reunião e não tiveram resposta.

- E os valores de doações? O valor que nos repassaram do jogo Brasil e Colômbia, que disseram que todo o valor seria repassado para as vítimas? Falaram em mais de R$ 3 milhões, só recebemos R$ 700 mil. Não deram explicação concreta de nada, sobre nenhum outro assunto, achei tudo muito incerto - disse Aline, esposa do zagueiro Filipe Machado, uma das vítimas.

- O grande problema foi a falta de transparência nos números - falou um dos advogados de atleta, ao deixar a reunião.

- A Chapecoense só está querendo ganhar tempo, já era previsto tudo isso. E ainda gastaram uma grana para essa reunião - comentou um dos representantes de outro atleta, antes de embarcar em um carro com placa de Chapecó.

O transporte e hospedagem dos familiares para a reunião foi pago pela Chapecoense. Uma das esposas de um dos 19 atletas que faleceram no voo do dia 29 de novembro deu o tom de como as negociações irão prosseguir.

- A gente se sente desamparado, era uma família e aquele sentimento não existe mais. Aquela antiga Chapecoense não existe mais. Somos do outro lado. Agora, cada um segue o seu caminho.

Família com pensamentos diferentes

Após a reunião, ficou evidente a divergência entre os familiares das vítimas em relação aos próximos passos jurídicos. Se anteriormente existia no discurso a tentativa, tanto da Chapecoense como também dos familiares, de unificar ações e possíveis processos de forma conjunta, o cenário começa a ficar conflituoso. E não somente em relação às ações da Chapecoense, mas também entre as famílias das vítimas.   

São três grupos que divergem sobre qual encaminhamento dar em relação aos procedimentos jurídicos. As esposas dos 19 atletas estão unidas e tomando decisões de forma conjunta - inclusive realizaram posts sobre a demora na entrega dos pertences dos maridos que estão retidos na Colômbia. Há também um grupo de Whatsapp para a troca de informações. A maior parte das viúvas foi contra a proposta apresentada pela resseguradora, de R$ 200 mil dólares por vítima. Dentre essas esposas, uma delas, do volante Gil, já ingressou com ação contra a Chape, e a tendência é que outras repitam o movimento.

De outra parte, estão os familiares dos funcionários terceirizados - que não tinham vínculo com o clube, mas que trabalhavam para a Chapecoense. Destes, a maioria, se sente confortável com o tratamento dado pelo Verdão e também se mostrou favorável à proposta da resseguradora.

- Para quem recebia R$ 2 mil, de família humilde, R$ 600 mil é um bom valor - comentou um dos advogados.

Na outra ponta, estão os dissidentes. Os parentes de jornalistas e demais funcionários  terceirizados. Há um grupo de pessoas que e também se movimenta de forma isolada - que busca apoio jurídico no Estados Unidos.

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