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Grãos: preços despencam

  • Arquivo pessoal - * Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

* Prof. Dr. Argemiro Luís Brum – Centro Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), vinculado à Universidade Regional do Noroeste do Estado (UNIJUÍ)

Os preços da soja, milho e trigo vieram abaixo nestes últimos meses. Após altas fora da curva, o mercado, como a teoria econômica ensina, reverte a tendência em busca da média histórica. Tomando o Rio Grande do Sul como referência, a soja fechou abril de 2023 valendo R$ 125,00/saco nas principais praças do Estado. Nesta mesma época, em 2022, o valor foi de R$ 190,00. Em 2021 e 2020 tais valores foram de R$ 168,50 e R$ 101,00/saco, respectivamente. Ou seja, o mercado está retornando aos valores nominais de três anos atrás. Com o milho e o trigo o processo é o mesmo. O milho, dos R$ 84,00/saco um ano antes, está agora em R$ 60,00. O trigo, após atingir a R$ 115,00/saco no ano passado, registra agora R$ 68,00. Uma série de fatores explicam tal comportamento, desde uma demanda mundial mais contida, associada a uma oferta em crescimento, passando por prêmios negativos no Brasil, até um Real mais valorizado. O que virá pela frente? Se a safrinha de milho confirmar o recorde esperado e a área de trigo crescer novamente, gerando novo recorde de produção, dificilmente seus preços deixarão de recuar um pouco mais, salvo algo imprevisível. Já na soja, o resumo que o mercado vem fazendo é que, de forma geral, não se descarta a possibilidade de preços um pouco melhores para o segundo semestre, especialmente pela melhoria dos prêmios. Entretanto, haverá muita soja para comercializar no segundo semestre (até o momento, pouco menos da metade da safra 2022/23 foi comercializada). O problema é que, para carregar a soja até o segundo semestre, na busca de melhores preços, não se tem certeza de melhorias substanciais no valor do saco de soja, diante do fato de que o carregamento causa custos financeiros, de armazenagem, quebra técnica etc. O quadro piora para os gaúchos diante de mais uma safra quebrada. Além disso, Chicago trabalha com dois dólares por bushel a menos, a partir de setembro, caso a safra dos EUA venha normal. Assim, no conjunto da obra, será preciso uma melhora bem significativa dos preços para compensar a espera, especialmente diante dos atuais juros praticados no Brasil. Ou seja, os preços podem ser melhores, porém, tendem a não ser compensadores para muitos. Será preciso uma boa gestão financeira, onde cada produtor reveja suas estratégias, suas contas e defina o rumo a tomar.

* Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

2 de abril de 2023

Centro Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), vinculado à Universidade Regional do Noroeste do Estado (UNIJUÍ)

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