Região pode abrigar usinas eólicas
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Potencial de geração de energia eólica da região foi apresentado em audiência pública. -
Nos dias 23 e 24 de maio foram realizadas duas audiências públicas, respectivamente, nos municípios de São Lourenço do Oeste e Campo Erê. A população foi convidada a participar do debate sobre a viabilidade de instalação de duas usinas eólicas. Estudos ambientais apontaram pontos favoráveis à produção dessa energia renovável na região. Estima-se que o potencial seja de produzir em torno de 60 megawatts, neste primeiro momento, fornecendo energia para abastecer uma cidade com 100 mil habitantes. Para aprofundar o assunto, o Jornal Destaque Regional apresenta uma entrevista completa com o coordenador da elaboração do projeto ambiental, Leandro Reinhold Baucke.
Destaque Regional – Como que se chegou à conclusão que a nossa região comporta a instalação de usinas eólicas?
Leandro Reinhold Baucke – O primeiro passo, como foi passado em uma audiência, é a questão do estudo do mapeamento eólico da nossa região. Com base nesse mapeamento da região Sul do Brasil, pode se ver que nessa região aqui, a altitude e a incidência de ventos é favorável à instalação de projetos eólicos. O segundo ponto e mais importante, também junto com a viabilidade técnica, é a questão da viabilidade ambiental. Nesse sentido de desenvolveu o earring, que é o estudo que nós estamos apresentando aqui. Com base no earring, a gente pode verificar que não tem nenhuma interferência ambiental grave ou que pode inviabilizar o projeto. Por exemplo, se nós tivéssemos uma espécie endêmica, uma espécie com status de conservação um pouco mais complicado e que um elo gerador teria interferência nesta espécie, por exemplo, já poderia até inviabilizar o projeto. O que não é o caso aqui na região, porque não se identificou nenhum problema dessa ordem, então já é uma área, em que tem o uso agrícola em longo prazo, tanto para o uso agrícola como para a bovinocultura. E não vai ter tanta interferência em termos de corte de vegetação. Mesmo como foi apresentado ali, o volume de vegetação vai ser muito pequeno, similar ao que é tirado em uma propriedade agrícola pequena
DR – Há quanto tempo vocês estão trabalhando nesse projeto?
Baucke – Pode-se dizer que hoje são três anos, cerca de três anos trabalhando, entre instalação da torre e realização de estudos de impacto.
DR – Quem participou ativamente desse processo?
Baucke – Foi a Impacto, que é a minha empresa de consultoria ambiental. A Casa Energética, na qualidade de empreendedora, que é o dono do projeto e a Estelar Engenharia que fez toda a parte de engenharia do projeto. O desenvolvimento de qual máquina vai ser utilizado, onde se localizarão esses aero geradores. Essa é a concepção de engenharia técnica que foi por essa empresa de Florianópolis que é a Estelar.
DR – Hoje, estuda-se a possibilidade de implantar duas usinas de captação de energia?
Baucke – Nós temos duas usinas que é a Casa i1 e a Casa i2. Já estamos desenvolvendo estudo para mais duas usinas chamadas CMU, é outra empresa, chamada CMU Energia Eólica. Ela fica localizada mais para o lado de Campo Erê. Não vai pegar área do município de São Lourenço do Oeste. Mas não quer dizer que não tenham outras áreas viáveis aqui no município de vocês, pode ser que tenha outras áreas. A empresa está de olho nesses locais propícios, com certeza, se tiver mais viabilidade de áreas aqui no município a gente vai trabalhar para implementar. Quem sabe, transformar São Lourenço do Oeste num polo de energia renovável aqui na região.
DR – Com os estudos que vocês têm, qual é a probabilidade de produção de energia?
Baucke – Nesses dois projetos, nós temos 60 megawatts de potência instalada. Nesses outros dois projetos que te falei da CMU que é a outra empresa temos mais 60, então um total de 120 megawatts de potência instalada, hoje. Mais esses outros locais em que ainda está sendo estudada a viabilidade. Mas, esse volume pode até dobrar.
DR – Só para exemplificar melhor para o nosso leitor, inicialmente é 60 megawatts, é equivalente a qual consumo?
Baucke – Poderia alimentar uma cidade de em torno de 100 mil habitantes ou mais até.
DR – Como funciona o projeto para a implantação?
Baucke – Nós temos duas vertentes, uma corre pela Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. Então, a Aneel analisa o projeto técnico de engenharia. Lá nós já solicitamos o registro do projeto. O próximo passo será eles darem a autorização para a instalação do parque eólico. Com relação à parte ambiental, nós protocolamos o estudo, o próximo passo foi a audiência pública, que é parte do licenciamento ambiental e, hoje, a emissão de licença prévia que diz: “Sim, neste local é possível construir”. No segundo momento, a licença de instalação, ou seja, pode ser dado início à obra. Eu acredito que até começar demoraria em torno de dois anos, ainda.
DR – Inicialmente quantas torres pretendem-se?
Baucke – A princípio em torno de 30 torres, nos dois parques. Cada torre vai gerar em torno de dois megawatts ou um pouquinho mais.
DR – O que muda para os municípios de São Lourenço e Campo Erê, já que são os dois beneficiados diretos?
Baucke – Durante a obra, geralmente, se privilegia o comércio local. O que der para adquirir de insumos aqui no município vai ser adquirido. Essa é a lógica da empresa, desenvolver o comércio e a economia do município. Temos também a questão de geração de empregos. Para construir uma eólica é relativamente fácil. Pessoas que trabalham na área de construção de civil podem estar trabalhando normalmente na construção de uma base de torre.
DR – A partir do momento da construção, isso também traz alguns benefícios ao município, além do turismo?
Baucke – O principal é o turismo e o retorno em impostos, tanto na fase de construção quanto depois na fase de operação. Com certeza vai ter um incremento muito grande no município. Não saberia dizer em termos monetários quanto seria, mas com certeza vai auxiliar o município.
DR – Tem mais algum município da região que passa por esse processo?
Baucke – Todos os estudos de impacto ambiental tem que passar por um processo de audiência pública. Com relação a esses parques eólicos vai ser só aqui e amanhã em Campo Erê, porque não tem nenhum outro município, por enquanto, atingido. Mas, por exemplo, tem eólica sendo instalada lá em Urupema, na região da Serra. Lá já teve audiência para discutir a instalação daquele parque.
DR – Como vocês estão vendo a aceitação do público lourenciano e campoerense para instalação da usina?
Baucke – A princípio tem sido uma aceitação boa. O pessoal percebe que há um empreendimento sustentável, que é uma coisa que vai trazer benefícios para o município. A Administração Pública tem sido também favorável. A gente quer, na verdade, somar parceiros para viabilizar essa obra no município de vocês. Esse é o objetivo da empresa.
DR – No caso de Palmas, a usina está instalada numa área considerada grande. Como se daria isso aqui em São Lourenço e em Campo Erê?
Baucke – A área estudada em torno de 800 hectares para esses parques. Mas, ela pode ser aumentada.
DR– Desses 800 hectares, a área é exclusiva da base ou pode ter outra cultura?
Baucke – A base em si, vai ocupar em torno de no máximo até 100 metros quadrados ou até bem menos do que isso. Entre meio uma torre e outra, o agricultor pode desenvolver a agricultura, pode desenvolver a pecuária, gado de corte, gado de leite, sem problema nenhum. A única coisa que não é indicado é o plantio de eucalipto e pinos. As outras atividades podem ser mantidas, só, é claro, deve ser mantida uma estradinha até na torre, para fazer a manutenção.
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